No início de 2015, o deputado federal Luiz Couto (PT/PB) avaliava que, frente à conjuntura política do país, se tornava necessária a retomada dos trabalhos de formação política e de organização de base junto a grupos populares no país e na Paraíba em particular.Segundo essa avaliação, a ausência desses trabalhos nos últimos anos, como expressão da política de conciliação de classes adotada pelos governos petistas, assim como pela Direção do próprio PT, era uma das causas do enfraquecimento político petista e dos setores de esquerda aliados. A ênfase quase exclusiva dada às disputas no campo institucional da política e às alianças para efeito estritamente eleitoral também contribuíam para o enfraquecimento da base social organizada do partido e de seus governos.
A partir desse tipo de avaliação, o deputado Luiz Couto me convidou para colaborar com seu mandato, no sentido de apoiar e ampliar as iniciativas de seus assessores para contribuir com movimentos sociais, sindicais e partidários que pretendessem retomar os trabalhos de base e de formação política na Paraíba.
Nas conversas que tivemos sobre esse convite, vimos que essa tarefa exigia um maior número de pessoas para pensarmos, planejarmos e executarmos coletivamente as ações que ela demandava. O agravamento da conjuntura política, com a direita se mobilizando a favor dos interesses do capital financeiro e das oligarquias tradicionais e organizando um golpe “branco” contra o governo eleito e contra as conquistas sociais alcançadas até então, tornavam essa tarefa mais pertinente, mais difícil, portanto, mais desafiadora. Não era tarefa para poucas pessoas.
Por isso, antes de aceitar o convite de Luiz Couto conversei com vários companheiros e companheiras de luta para ouvir a opinião de cada um e cada uma sobre a validade de aceitá-lo. Não houve nenhuma opinião contrária à aceitação. Depois de formalizada minha contratação como assessor parlamentar de Luiz Couto, iniciei os contatos com as pessoas que tinha consultado sobre o convite para uma primeira reunião, visando pensarmos juntos o que fazer e como fazer para cumprirmos a tarefa proposta. Por motivos distintos, algumas pessoas não aceitaram participar dessa reunião e preferiram contribuir eventualmente, sem o compromisso de fazer parte do grupo.
Essa primeira reunião ocorreu no dia 08/07/2015 no auditório do Hotel JR, no centro de João Pessoa, com cerca de 20 pessoas.
Posteriormente, as reuniões passaram a se realizar na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, em João Pessoa, como opção para caracterizar o compromisso do grupo com os trabalhadores e suas lutas. A Direção do Sindicato e da CUT/PB nos deram todo apoio para a realização desses encontros e alguns de seus membros começaram a fazer parte assídua do grupo. Ficou combinado que essas reuniões aconteceriam toda quinta-feira às 15 horas. O grupo decidiu que seria um grupo aberto e democrático, desde que os interessados tivessem compromisso com as lutas populares. As reflexões do grupo não disputariam hegemonia interna, mas visavam o debate livre e o aprofundamento das discussões e análises sobre a conjuntura e os desafios que se apresentavam para a luta política dos trabalhadores e dos movimentos sociais.
Com o surgimento da Frente Brasil Popular (FBP) em João Pessoa, o grupo passou a apoiar e participar das plenárias da Frente, colaborando com os debates e atividades programadas pela FBP. Posteriormente, membros do grupo passaram também a acompanhar a Frente Povo sem Medo, na perspectiva de colaborar com a articulação das duas Frentes.
Em várias reuniões se discutiu um nome para o grupo, mas não se conseguiu um consenso sobre isso. Alguns membros achavam que não era necessário o grupo ter um nome, já que éramos um coletivo de discussão e as ações eram integradas às entidades que cada um já participava ou a cada uma das Frentes. No entanto, numa das reuniões, um companheiro da Consulta Popular disse que era uma reunião dos “cabeças de cotonete”, pois a maioria dos presentes tinha cabelo branco. A partir dessa brincadeira, o grupo passou a ser chamado e conhecido como o “grupo dos cotonetes”, mesmo que alguns de seus participantes sejam jovens e não tenham cabelo branco. O grupo incorporou o nome e passamos a ser os Cotonetes.
Genaro Ieno
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